A mudança na política de moderação de conteúdo de uma das principais empresas de tecnologia gerou preocupações e reações de entidades de defesa dos direitos humanos. A partir de agora, a plataforma permite a associação da transexualidade e da homossexualidade a doenças mentais ou anormalidades, desde que tais declarações estejam no contexto de discursos políticos ou religiosos. A decisão contraria consensos científicos internacionais e normativas brasileiras, como as do Conselho Federal de Psicologia, que desde 1999 proíbem o tratamento dessas orientações como patologias.
Entidades como a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) denunciaram a decisão ao Ministério Público Federal, afirmando que a medida facilita ataques e desinformação contra pessoas LGBTQIA+. Além disso, uma coalizão de mais de 60 organizações criticou publicamente as novas regras, argumentando que promovem violência de gênero e impulsionam discursos de ódio online. A mudança, segundo as entidades, negligencia os impactos reais da violência digital na vida das pessoas.
Em justificativa, a empresa afirmou que as novas diretrizes visam uniformizar o tratamento de temas sensíveis em todas as suas plataformas, equiparando-os à liberdade de expressão permitida em outros espaços públicos, como a TV ou o Congresso. Especialistas e ativistas, no entanto, apontam que a flexibilização pode abrir precedentes para violações de direitos humanos, agravando o ambiente hostil nas redes sociais e colocando em risco os avanços no combate à discriminação.