Desde maio de 2023, a Petrobras deixou de ganhar cerca de R$ 20 bilhões devido à defasagem nos preços dos combustíveis, conforme estimativas da Refina Brasil, associação que reúne refinarias privadas no país. Isso aconteceu após o governo federal encerrar o sistema de Preço de Paridade Internacional (PPI), que atrelava os preços dos combustíveis no Brasil às variáveis internacionais, como o valor do petróleo e a taxa de câmbio. Essa mudança foi uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de “abrasileirar” o preço da gasolina e do diesel.
O represamento de preços pelo governo, embora tenha como intenção proteger o consumidor interno, tem causado impactos negativos no setor de refino. Segundo a Refina Brasil, pelo menos duas refinarias privadas começaram a exportar parte da produção de combustíveis, pois a venda no mercado interno passou a ser inviável devido ao preço praticado pela Petrobras. A falta de rentabilidade para as refinarias privadas e o déficit de 600 mil barris diários de derivados de petróleo obrigam o Brasil a importar combustíveis para suprir a demanda interna.
Especialistas indicam que, com o valor de R$ 20 bilhões, que a Petrobras deixou de arrecadar devido à defasagem, seria possível ampliar a capacidade de refino e reduzir significativamente o déficit de derivados. No entanto, a incerteza em relação à política de preços e a falta de previsibilidade impedem investimentos privados no setor. A adoção de uma política de estabilização de preços, com ajustes mais previsíveis e com base em parâmetros claros, poderia contribuir para a retomada de investimentos e para a estabilidade do mercado de combustíveis no Brasil.