Pesquisadores descobriram que os nossos antepassados processavam vegetais ricos em amido há pelo menos 780 mil anos, desafiando a ideia de que a dieta humana pré-histórica era predominantemente baseada em carne. O estudo aponta que, durante o início do Pleistoceno Médio, os hominídeos já usavam carboidratos extraídos de plantas como fonte de energia, muito além da coleta de frutos. A análise de microvestígios vegetais encontrados em ferramentas de pedra sugere que esses alimentos eram processados de forma mais complexa e demorada, contrastando com a simples coleta de carne.
A pesquisa também revela que, ao contrário da dieta paleo popularizada recentemente, que prioriza proteínas animais, nossos ancestrais consumiam uma variedade de vegetais, incluindo sementes, grãos de amido e outros alimentos vegetais de diversos habitats. O estudo destaca que carboidratos desempenhavam um papel central em sua alimentação e que a ingestão desses alimentos foi essencial para sustentar as crescentes demandas energéticas de um cérebro em desenvolvimento. Os resultados indicam que os hominídeos possuíam habilidades cognitivas avançadas para coletar e processar esses vegetais, desempenhando um papel importante na nossa evolução.
Por fim, os cientistas discutem a ideia de que, embora os vestígios vegetais sejam mais difíceis de preservar e menos visíveis nas escavações arqueológicas, eles têm sido subestimados na explicação da evolução humana. A predominância de ossos animais nos achados arqueológicos levou à popularização de dietas como a paleo e a cetogênica, que idealizam erroneamente o passado. A pesquisa sugere que os carboidratos, extraídos de plantas, podem ter sido uma fonte crucial de energia para os nossos ancestrais, ajudando a sustentar um cérebro maior e mais complexo.