Em Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná, um grupo de pesquisadores está investigando o uso do cabelo humano como alternativa para fertilizantes. O projeto surgiu a partir da ideia de uma cabeleireira e mestranda em ciências ambientais, que percebeu o potencial do resíduo capilar para a agricultura. Os fios, comumente descartados nos salões de beleza, são compostos por elementos como carbono, nitrogênio e enxofre, presentes também em muitos fertilizantes comerciais. O estudo propõe que o cabelo humano, após passar por um processo simples de preparação, pode se tornar uma fonte de nutrientes eficaz para o solo.
O processo para transformar o cabelo em adubo envolve lavar os fios com detergente, secá-los ao sol, cortar em pequenos pedaços e triturá-los até que se tornem quase um pó. Esse material é então misturado com a terra, demonstrando resultados promissores. Em experimentos conduzidos em estufas, plantas de rabanete cultivadas com o fertilizante de cabelo apresentaram crescimento superior, com raízes até 11 centímetros maiores em comparação às cultivadas com terra pura, resultado semelhante ao uso de ureia.
A pesquisa está avançando para testar a segurança do uso do cabelo na produção de alimentos, além de explorar a possibilidade de criar versões líquidas do fertilizante, que poderiam ser aplicadas em larga escala em lavouras. O próximo passo é avaliar a viabilidade comercial dessa alternativa, que pode representar uma solução tanto para o descarte de resíduos como para a demanda por fertilizantes mais sustentáveis. O projeto, que começou há dois anos, está ganhando destaque, e a possibilidade de transformar o cabelo humano em produto comercial é uma das metas de longo prazo dos pesquisadores.