Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) realizaram um estudo inédito sobre a anemia falciforme, doença hereditária que afeta principalmente a população negra, através do sequenciamento genético de 3 mil pacientes. A anemia falciforme provoca uma alteração na forma das hemácias, o que dificulta a circulação do sangue e pode resultar em sérios problemas, como dores intensas, AVCs e danos aos órgãos. O tratamento consiste em transfusões de sangue e medicamentos, e a única cura possível no momento é o transplante de medula óssea.
Como resultado prático da pesquisa, foi criada uma carteirinha de identificação detalhada sobre o tipo de sangue de cada paciente, o que é fundamental para prevenir complicações durante as transfusões. Isso ocorre porque pacientes com anemia falciforme, ao receberem múltiplas transfusões, podem desenvolver anticorpos contra as hemácias de doadores, dificultando a eficácia do tratamento. O objetivo é garantir que cada transfusão seja feita com o doador mais compatível, reduzindo o risco de reações adversas.
Além do avanço científico, o estudo também traz uma reflexão sobre o tratamento desigual dessa doença, muitas vezes negligenciada devido a questões sociais e raciais. A professora Ester Sabino, envolvida no projeto, destaca a importância de combater o preconceito histórico que afeta pacientes dessa condição, garantindo que recebam o atendimento adequado. A pesquisa tem o potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida desses pacientes, proporcionando um tratamento mais eficiente e personalizado.