Em entrevista exclusiva, a diretora do Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul, Marguet Mittmann, detalhou os procedimentos e as complexidades da perícia que identificou arsênio no corpo de uma vítima de envenenamento. O caso em questão envolveu a exumação de Paulo Luiz dos Anjos, que faleceu em setembro de 2024, inicialmente diagnosticado com intoxicação alimentar. No entanto, após a exumação realizada em janeiro de 2025, foi confirmada a presença de arsênio, descartando a hipótese de intoxicação alimentar.
A análise do IGP destacou que o arsênio pode permanecer no corpo humano por muitos anos devido à sua lenta degradação, especialmente em materiais biológicos como pelos, cabelos e ossos. A descoberta foi crucial para a investigação, pois ajudou a reforçar a teoria de que o envenenamento foi intencional e indicou que a via de ingestão foi oral, com leite em pó sendo o provável meio utilizado no crime. Além disso, a perícia identificou a segunda maior concentração de arsênio entre as vítimas, com 264 miligramas, o que evidenciou a gravidade do envenenamento.
O processo de exumação, embora complexo, é comum no trabalho do IGP e envolve uma equipe multidisciplinar. Após autorização judicial, o corpo é retirado do túmulo e levado para o Departamento Médico Legal, onde é realizada a necropsia e a coleta de amostras de diversos órgãos. Neste caso, amostras de baço, rins, estômago e até ossos foram enviadas para análise toxicológica. A exumação de outras possíveis vítimas está sendo considerada, já que o arsênio pode ser identificado mesmo em corpos em decomposição avançada, permitindo elucidar mortes ocorridas anos antes.