Pesquisadores da Unicamp, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do governo britânico estão conduzindo um experimento inédito na Amazônia, denominado AmazonFACE, para avaliar os efeitos do aumento de dióxido de carbono (CO₂) na floresta tropical. Localizado a cerca de 80 km de Manaus, o estudo utiliza 96 torres de alumínio e estruturas de guindastes para controlar a concentração de CO₂ e simular o impacto de um aumento de 50% do gás na atmosfera, como esperado nas próximas décadas. O experimento tem o objetivo de monitorar como a Amazônia reagirá às mudanças climáticas e, especialmente, ao aumento de CO₂, com duração prevista de uma década.
A infraestrutura do AmazonFACE consiste em seis anéis com 30 metros de diâmetro, compostos por torres e tubos que liberam CO₂ nos ambientes controlados. A pesquisa examinará a resposta da floresta ao gás, observando variáveis como o crescimento da biomassa das plantas e os impactos na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos. Além disso, o estudo investigará possíveis efeitos de fertilização por CO₂, que pode potencialmente aumentar a taxa de fotossíntese das plantas, embora o fenômeno ainda não tenha sido testado em ecossistemas tropicais como a Amazônia.
O investimento para a realização do experimento é significativo, com recursos provenientes do governo brasileiro e do Reino Unido, totalizando cerca de R$ 77 milhões. O estudo conta com a participação de aproximadamente 130 cientistas de diversas partes do mundo e busca não só compreender os efeitos diretos sobre a floresta, mas também as implicações socioeconômicas das mudanças climáticas, incluindo a produção de alimentos, a geração de energia e o deslocamento de populações. A pesquisa pretende fornecer dados essenciais para mitigar os impactos das mudanças climáticas nas próximas décadas.