A Paper Excellence, multinacional do setor de celulose, iniciou um processo arbitral em Paris contra a J&F, empresa brasileira controladora da Eldorado Celulose. A disputa envolve o descumprimento de cláusulas contratuais pela J&F, que resultaram em um atraso significativo na transferência de controle da Eldorado para a Paper, com um prejuízo estimado em cerca de US$ 3 bilhões. A Paper argumenta que as tentativas de bloqueio da transferência da empresa no Brasil são um reflexo de táticas processuais abusivas e busca a resolução do impasse fora do país, por meio de uma arbitragem internacional.
Em resposta, a J&F criticou a decisão de levar o caso para fora do Brasil, acusando a Paper de desrespeitar o sistema jurídico nacional. A J&F defende que a Paper violou cláusulas contratuais e questiona a imparcialidade da arbitragem brasileira, alegando que houve uma série de irregularidades durante o processo. Além disso, a J&F argumenta que a movimentação de processos no Brasil tem como objetivo garantir que a justiça brasileira siga sendo a responsável pela resolução da disputa, garantindo a soberania nacional.
A disputa entre as duas partes se arrasta há anos, com diversas reviravoltas legais e acusações mútuas de má-fé e abuso do direito de litigar. Apesar das vitórias no sistema judiciário brasileiro, a Paper considera que a J&F tem utilizado de manobras processuais para retardar o cumprimento das decisões. A escolha de Paris como sede para a arbitragem é vista como uma estratégia da Paper para assegurar que o processo seja conduzido de maneira mais eficiente e sem interferências externas. A situação reflete as complexidades de disputas empresariais de grande porte no Brasil e as tensões sobre a eficácia das arbitragens internacionais.