A operação deflagrada nesta terça-feira, 14, pelo Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Civil desvendou um esquema clandestino de atendimento médico para membros de uma facção criminosa, com serviços que variam desde consultas básicas até procedimentos estéticos. O grupo investigado, conhecido por sua atuação no sistema penitenciário, contratava médicos e dentistas para atender detentos de alta hierarquia, sendo que os pagamentos eram realizados de maneira sigilosa, muitas vezes por intermediários. A investigação, que teve início com a apreensão de documentos e registros em cartões de memória, revelou que esse atendimento não estava disponível para todos os membros da facção, mas apenas para um seleto grupo de indivíduos considerados de maior importância dentro da organização.
Entre os envolvidos no esquema, advogados ligados à facção criminosa e uma ONG fictícia foram identificados como facilitadores dos serviços médicos. A ONG, supostamente voltada para a defesa de direitos humanos dos presos, teria sido manipulada para criar denúncias falsas e protestos orquestrados, sob a orientação da facção. As investigações apontam que os advogados, além de coordenar a contratação dos profissionais de saúde, também controlavam essa ONG, que funcionava como uma fachada para atender aos interesses do grupo criminoso. O esquema envolve também a distribuição de valores acima do mercado para garantir o atendimento de detentos em condições privilegiadas, como o uso de procedimentos estéticos não autorizados pelo sistema penitenciário.
Durante a operação, 12 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão foram cumpridos em diferentes cidades do estado de São Paulo e no Paraná, incluindo advogados e membros da ONG envolvida. As autoridades revelaram que, embora os médicos e dentistas não estivessem diretamente envolvidos com a facção, a natureza clandestina do esquema levanta questões sobre a ética profissional e a possível coação para garantir a continuidade dos serviços. A investigação segue em andamento e pode resultar em mais desdobramentos à medida que novas evidências são coletadas.