O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos deve vir acompanhado de uma retomada de medidas de pressão contra o regime de Nicolás Maduro na Venezuela, incluindo sanções econômicas e apoio retórico à oposição. No entanto, especialistas apontam que essas ações têm mostrado pouco efeito sobre a mudança no governo venezuelano, que se mantém no poder apesar das dificuldades econômicas agravadas pelas sanções. A principal resistência ao impacto das medidas dos EUA vem do estreitamento de laços da Venezuela com potências como China, Rússia, Irã e Turquia, que têm ajudado o país a contornar as restrições impostas.
O professor Paulo Velasco, da UERJ, destaca que a Venezuela se tornou mais resistente à pressão externa após fortalecer suas alianças com economias globais e países com interesses contrários aos dos Estados Unidos. Além disso, Maduro tem aprendido a contornar as sanções econômicas com o apoio de países como o Irã, que possui vasta experiência em estratégias de evasão. Embora o governo Trump tenha imposto uma série de sanções durante seu primeiro mandato, as consequências dessas medidas, como o agravamento da crise migratória, não parecem ter alterado o cenário político na Venezuela de maneira significativa.
A oposição venezuelana, que atualmente conta com María Corina Machado como principal liderança, também não deve esperar mudanças substanciais por parte do governo dos EUA. Apesar do apoio verbal de Trump e a crescente simpatia por parte de alguns governos internacionais, como o Brasil e a Colômbia, o regime de Maduro continua a manter o apoio das forças armadas e da polícia, além de intensificar a repressão contra os opositores. Para analistas, qualquer mudança significativa dependeria de uma combinação de pressões internas, externas e ações mais amplas no sistema de justiça, além da formação de uma estratégia mais eficaz para dividir a base de apoio do regime.