O texto discute o enfraquecimento do multilateralismo em um contexto mundial de crescente antagonismo entre blocos militares e ideológicos, com poucas oportunidades para o diálogo entre as nações. Apesar dos apelos das Nações Unidas por uma retomada das discussões pacíficas, muitos países têm optado por soluções mais protecionistas, como evidenciado pelas atitudes de potências como os Estados Unidos, que impõem novas barreiras econômicas. Este cenário de hostilidade, tanto real quanto verbal, dificulta a busca por soluções coletivas para questões globais urgentes.
No caso de organizações como os BRICS, o texto aponta que o grupo, inicialmente voltado para o fortalecimento do diálogo e negócios entre países com desafios econômicos semelhantes, acabou se tornando um bloco ideológico alinhado aos interesses geopolíticos da China. A crescente desconfiança dos países ricos, especialmente do Ocidente, tem afastado esses membros de um envolvimento mais profundo com o grupo, o que compromete a capacidade de encontrar soluções compartilhadas. Além disso, a França impõe obstáculos ao Mercosul, um exemplo do enfraquecimento do multilateralismo em favor de acordos bilaterais, como é o caso de alguns países, como a Argentina, que buscam alternativas mais vantajosas com outras nações.
Por fim, o texto observa que, com o avanço da era digital, onde palavras e promessas são rapidamente disseminadas e não esquecidas, o multilateralismo enfrenta desafios ainda maiores para garantir respostas rápidas e eficazes a crises globais. A tentativa de resolver questões universais por meio de alianças bilaterais pode resultar em conflitos de interesses e em um retardo nas soluções necessárias. O Fórum Econômico Mundial de Davos, previsto para 2025, pode marcar o início de uma nova fase, que poderá confirmar a decadência do multilateralismo ou, ao contrário, reafirmá-lo como a resposta mais adequada para os desafios do século XXI.