O ano de 2024 foi marcado por desafios tanto para a política fiscal quanto para a monetária no Brasil. Com juros reais elevados, acima de 9,5% e com tendência de alta, o país se encontra em uma encruzilhada: ou há um ajuste fiscal eficaz, que permita a redução das taxas de juros, ou a inflação continuará a pressionar a economia, forçando a adoção de medidas mais drásticas. A sustentabilidade fiscal depende de superávits primários, mas a hesitação do governo em implementar ajustes fiscais está ampliando a incerteza e dificultando o controle da inflação sem sacrificar o crescimento.
Apesar das altas taxas de juros, a economia brasileira mostrou resiliência. O mercado de crédito continua aquecido, com baixo índice de inadimplência, e o emprego formal segue em níveis elevados, refletindo um cenário surpreendentemente positivo. No entanto, a atividade econômica e a inflação de serviços, como turismo e comércio, ainda se mantêm altas, desafiando a eficácia da política monetária restritiva. A demanda interna permanece forte, impulsionada pelo crédito e pela confiança dos consumidores, o que sugere que as medidas de juros altos podem não ser suficientes para desacelerar o crescimento de forma efetiva.
A revisão das expectativas para o juro neutro, que passou de 4,5% para cerca de 5,5% ou 6%, reflete a complexidade do cenário atual e aponta para a necessidade de uma estratégia mais coordenada entre as políticas fiscal e monetária. A implementação de ajustes fiscais significativos é crucial para estabilizar a dívida pública e evitar um ciclo vicioso de juros elevados e inflação persistente. As escolhas econômicas de 2025 serão decisivas para garantir a sustentabilidade fiscal e o crescimento da economia, com políticas eficazes capazes de equilibrar o controle da inflação e o estímulo ao desenvolvimento.