A posse de Nicolás Maduro para um novo mandato como presidente da Venezuela coloca o Brasil em uma posição diplomática delicada. De acordo com o analista político Felippe Ramos, o governo brasileiro enfrenta o desafio de equilibrar seus interesses políticos com os princípios democráticos nas relações com o país vizinho. A relação entre os dois países permanece tensa, com uma continuidade da atual situação de distanciamento. Dentro do governo brasileiro, há uma divisão, com alguns setores, como o PT, mantendo afinidade ideológica com o regime de Maduro, enquanto outros, como a diplomacia profissional, priorizam a defesa da democracia.
O Brasil adota uma postura cautelosa, buscando manter canais de comunicação com a Venezuela sem apoiar completamente o governo de Maduro. A decisão de enviar a embaixadora brasileira para a posse, sem uma representação de alto nível, reflete essa tentativa de equilíbrio. A estratégia é garantir alguma influência na política venezuelana, evitando que potências como a Rússia e a China ganhem mais protagonismo na região. No entanto, a estratégia brasileira ainda está em fase de definição, e os efeitos de uma possível mudança de postura são incertos.
O cenário político na Venezuela é complexo, com a oposição enfraquecida e desafios internos. A saída de um dos principais opositores, Edmundo González, para a Espanha, é vista como um enfraquecimento do movimento de oposição. No entanto, Ramos acredita que a promessa de Maduro de avançar sobre a Guiana é mais uma estratégia eleitoral do que uma ameaça real. A Venezuela está mais focada em consolidar o poder de Maduro e estabilizar sua economia nos próximos anos, com implicações significativas para toda a América do Sul. O Brasil, maior economia da região, busca uma posição estratégica que preserve seus interesses geopolíticos sem comprometer seus princípios democráticos.