No Vale do Guaporé, localizado na fronteira entre Brasil e Bolívia, está o maior berçário de tartarugas de água doce do mundo, ameaçado pelas mudanças climáticas e pela atividade humana. O ciclo reprodutivo anual das tartarugas, que inclui a desova e o nascimento dos filhotes, foi afetado por alterações climáticas, com atrasos na desova e redução na sobrevivência dos filhotes. No ano de 2024, apenas 30% dos filhotes sobreviveram, uma queda significativa em relação ao ano anterior, devido a inundações prematuras do rio Guaporé.
Ambientalistas apontam que a rápida subida das águas, frequentemente associada às mudanças climáticas, tem prejudicado o desenvolvimento dos ninhos e ameaçado a continuidade da espécie. Para proteger essas tartarugas, especialistas defendem a criação de uma unidade de conservação no lado brasileiro do Vale do Guaporé, uma área de difícil acesso, onde a maior parte da população mundial da espécie está presente. No lado boliviano, já existem leis de proteção, mas no Brasil, ainda não há medidas concretas para garantir a preservação.
Apesar dos apelos dos ambientalistas, o ICMBio afirmou que não há uma proposta formal para a criação de uma unidade de conservação exclusiva para a proteção das tartarugas na Amazônia. A proposta de conservação seria voltada para garantir a proteção desses animais durante o período reprodutivo, o que inclui a migração e o nascimento dos filhotes, momentos críticos para a sobrevivência da espécie. A criação de uma unidade de conservação poderia ser uma solução eficaz para mitigar os impactos das mudanças climáticas e preservar esse importante berçário natural.