Durante um show do evento Pôr do Som em Salvador, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a cantora Daniela Mercury fizeram um apelo público por mais respeito às religiões de matriz africana. O pronunciamento das artistas ocorreu em um momento de discussão sobre a polêmica envolvendo alterações em letras de músicas, especificamente a troca do nome Iemanjá por Yeshua, que gerou críticas relacionadas ao respeito à tradição religiosa afro-brasileira. Sem citar diretamente o caso, Margareth Menezes destacou a importância de reconhecer e valorizar as tradições culturais afro-brasileiras, fazendo referência às perseguições históricas sofridas por essas religiões.
Daniela Mercury também se manifestou, ressaltando a relação intrínseca entre o candomblé e a identidade afro-brasileira, mencionando que o preconceito contra essas práticas religiosas é um reflexo do racismo estrutural presente na sociedade. Ela lembrou que a cultura afro-brasileira tem resistido ao longo dos séculos, apesar das dificuldades impostas pela discriminação. A cantora reforçou sua conexão com os terreiros de candomblé, afirmando que sua identidade está profundamente ligada a essa tradição religiosa.
O episódio surge em meio a investigações do Ministério Público da Bahia (MP-BA) sobre possíveis crimes de racismo religioso, após a alteração da letra da música. A cantora envolvida se manifestou, afirmando que, embora esteja ciente de seu privilégio, considera o racismo uma questão grave que deve ser tratada com seriedade. O caso gerou ampla repercussão e reacendeu debates sobre intolerância religiosa e os desafios enfrentados pelas religiões de matriz africana no Brasil.