A futura presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Rocha, expressou seu descontentamento com a falta de isonomia nas escolhas de Luiz Inácio Lula da Silva para o Judiciário. A magistrada, que assumirá a presidência do STM em março de 2025, afirmou que as decisões de nomeação do presidente têm frustrado as expectativas de maior representatividade feminina no poder. Ela ressaltou que a atual composição do STF e de outros tribunais, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reflete a ausência de avanços na inclusão de mulheres e minorias, o que, segundo ela, é um reflexo de um problema estrutural mais amplo na sociedade brasileira.
Maria Elizabeth criticou especialmente a falta de mulheres nas altas cortes, destacando que, desde a aposentadoria de Rosa Weber, o STF conta com apenas uma representante feminina, a ministra Cármen Lúcia. A nomeação de Flávio Dino para substituir Rosa Weber, sem a escolha de uma mulher negra, foi um dos pontos que mais geraram críticas, principalmente de movimentos sociais que defendem maior diversidade nas instâncias judiciais. A ministra também apontou a nomeação de homens para cargos no TSE, com mulheres negras relegadas a posições de suplência, como um exemplo claro da continuidade da exclusão feminina nas decisões judiciais.
Para Maria Elizabeth, a exclusão das mulheres no Judiciário não é apenas uma questão de gênero, mas também de classe e identidade, já que a composição da magistratura continua majoritariamente formada por homens brancos, heterossexuais e de classe média. Ela afirmou que a falta de diversidade nas decisões do Judiciário é uma falsa percepção de inclusão e uma evidência de que as promessas de igualdade de gênero feitas pelo presidente Lula não têm sido cumpridas. A ministra defendeu que os papéis sociais não devem ser hierarquizados e que todos têm o direito de ocupar posições no poder, sem limitações impostas por estruturas dominadas por um grupo restrito.