Supremo vai decidir se ação contra militares acusados pelo assassinato do político pode prosseguirO Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) implementou uma medida para unificar o pagamento do Bolsa Família em Rondônia, beneficiando mais de 135 mil famílias no estado. A mudança visa reduzir os impactos da severa seca que afetou a região Norte, permitindo que os beneficiários possam sacar o valor do benefício desde o primeiro dia do pagamento, sem a necessidade de aguardar a data definida pelo número de identificação social (NIS).
A seca de 2024, que provocou um recorde histórico no nível do rio Madeira, com apenas 19 centímetros, causou graves prejuízos econômicos para diversas famílias em Rondônia. Pescadores e trabalhadores portuários, por exemplo, enfrentaram sérias dificuldades, como a perda de suas fontes de renda. O novo formato de pagamento do Bolsa Família é uma tentativa do governo federal de atenuar essas perdas e apoiar a população afetada pela crise climática.
Além de Rondônia, a medida será aplicada em 652 municípios de todo o Brasil, que enfrentam situações de emergência ou calamidade pública. Em Rondônia, a unificação do pagamento envolve um montante de R$ 91,75 milhões e beneficia todos os 52 municípios do estado. O processo, que está previsto para durar dois meses, poderá ser prorrogado caso a crise persista, oferecendo um alívio imediato para as famílias em dificuldades.. Caso foi enviado pelo relator, Alexandre de Moraes, para parecer da PGR. O processo que apura as circunstâncias da morte do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado em janeiro de 1971, ainda aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Caberá à Corte definir se a ação penal contra os militares acusados da morte do político pode ou não prosseguir.
Em novembro do ano passado, o relator, ministro Alexandre de Moraes, determinou o envio do caso para parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR). A manifestação ainda não foi enviada.
Quem foi Eunice Paiva, símbolo da luta contra a ditadura interpretada por Fernanda Torres
O tema chegou ao Supremo em 2021, a partir de um recurso do Ministério Público Federal contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que suspendeu o andamento da ação penal.
O recurso ao STF discute se é possível a aplicação da Lei da Anistia ao caso e se os crimes atribuídos aos militares são imprescritíveis — ou seja, ainda podem ser julgados e punidos, independente de terem ocorrido há décadas.
O que diz a ação?
A ação penal começou na Justiça Federal do Rio de Janeiro, com uma denúncia do Ministério Público Federal contra militares acusados de participação no caso.
O grupo foi denunciado pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e quadrilha armada.
A ação penal foi aberta e a defesa dos militares recorreu às instâncias superiores para encerrar o caso, sob o argumento de que deveria ser aplicada a Lei da Anistia.
🔎Considerada constitucional pelo Supremo, a Lei da Anistia foi aprovada em 1980, durante o último ano do regime militar, e concedeu perdão a crimes políticos e delitos relacionados ocorridos durante a ditadura.
Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça suspendeu o andamento do processo. O recurso que chegou ao Supremo é contra esta determinação.
“No caso em tela, pretende-se que sejam discutidos o direito fundamental de acesso à justiça e o direito à verdade, inerentes à vivência democrática, mas também típicos e necessários quando há a transição de um regime autoritário para a democracia, como é o caso brasileiro”, disseram os procuradores.
‘Ainda estou aqui’ é símbolo de reconciliação, diz Marcelo Rubens Paiva após Globo de Ouro
Posição do Ministério Público
O Ministério Público Federal sustentou que os delitos em discussão na ação penal são crimes contra humanidade, já que cometidos por agentes estatais durante a ditadura militar. Por isso, são imprescritíveis.
🔎Crimes imprescritíveis são aqueles que podem ser julgados e punidos a qualquer tempo, independentemente da data em que foram cometidos.
“No caso concreto, os violentos delitos praticados pelos agentes do Estado em face do ex-deputado Rubens Beyrodt Paiva, um opositor político do regime autoritário, subsomem-se a essa categoria de delitos de lesa-humanidade”, afirma o MPF no recurso.
O argumento dos procuradores é que “a específica circunstância dos crimes imputados terem sido cometidos pela força repressora do Estado ditatorial, de forma sistemática, contra a população civil insurgente ao regime opressor, com graves violações aos direitos humanos, confere-lhes magnitude que transcende o mero interesse social/nacional de reprimi-los, ofendendo a própria humanidade”.
O ex-deputado Rubens Paiva foi assassinado pela ditadura em 1971
GloboNews
Além disso, o MPF afirmou que o Brasil se comprometeu a seguir a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre os desaparecidos na Guerrilha do Araguaia.
Na sentença sobre este caso, a Corte Interamericana fixou que é dever do país investigar e responsabilizar criminalmente autores de desaparecimentos e graves violações dos direitos humanos.
No recurso, os procuradores defende que esta determinação também é aplicável ao caso de Paiva.
O caso ainda aguarda a manifestação da Procuradoria-geral da República.
No entanto, em outro processo relacionado ao tema, arquivado no último dia 9 de janeiro, a PGR afirmou que o assunto traz á discussão “recentes decisões proferidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e a possível distinção entre os crimes políticos abarcados pela Lei de Anistia (…) e os crimes de lesa humanidade, os quais não seriam protegidos pela legislação”.