Estudos recentes têm revelado a presença crescente de microplásticos em diversos ambientes, incluindo no corpo humano. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) encontraram partículas microscópicas de plástico no cérebro de indivíduos que viveram por pelo menos cinco anos na cidade de São Paulo. A pesquisa focou em amostras do bulbo olfatório, uma região do cérebro em contato direto com o ar inalado, e identificou microplásticos de diferentes tipos, como polipropileno e polietileno, em concentrações pequenas. Este achado é preocupante, pois o cérebro é protegido por uma barreira hematoencefálica que dificulta a entrada de substâncias externas, sugerindo que as partículas possam atravessar essa proteção de forma mais eficaz do que se pensava.
Outros estudos têm identificado microplásticos em vários órgãos do corpo humano, incluindo pulmões, fígado e rins, além de fluidos corporais como sangue e leite materno. A presença desses materiais tem gerado inquietação, uma vez que eles podem causar inflamação, estresse oxidativo e danos celulares. Embora os impactos exatos na saúde humana ainda não estejam completamente claros, pesquisas em animais sugerem que a exposição contínua a micro e nanoplásticos pode comprometer a regeneração celular e alterar o desenvolvimento de órgãos. Uma pesquisa recente associou a presença de microplásticos a um aumento do risco cardiovascular em pessoas com placas de ateroma, sugerindo que essas partículas podem agravar inflamações e afetar os vasos sanguíneos.
Apesar das preocupações, a detecção de microplásticos no corpo humano ainda está em estágios iniciais de investigação, e muito se precisa aprender sobre seus efeitos a longo prazo. A principal fonte desses poluentes são os plásticos de uso diário, que se fragmentam ao longo do tempo, liberando partículas microscópicas no meio ambiente. Embora seja impossível evitar completamente a exposição a esses materiais devido à sua onipresença, especialistas sugerem reduzir o consumo de produtos plásticos e adotar alternativas mais sustentáveis para diminuir os impactos na saúde e no meio ambiente.