Em entrevista recente, Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset, destacou que o mercado acredita que a gestão do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e os outros indicados pelo governo Lula, seguirá com uma postura técnica, mantendo o trabalho iniciado por Roberto Campos Neto. Kawauti ressaltou que, nas primeiras reuniões de 2025, o BC já adotou altas de juros, sinalizando a continuidade da política monetária rigorosa. A economista acredita que, apesar da proximidade entre Galípolo e o Executivo, não há grandes preocupações em relação a interferências políticas na atuação do Banco Central, uma vez que a independência da autarquia tem sido respeitada até o momento.
O Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o ciclo de redução de juros em junho e retomou um ciclo de aumentos a partir de setembro. A comunicação do BC, que vinha sendo alvo de críticas devido à falta de sinalizações claras, foi retomada em dezembro, quando o Banco Central indicou a expectativa de um patamar de 14,25% para a Selic em março de 2025. Kawauti apontou que a clareza na comunicação do BC será fundamental para estabelecer uma boa relação com o mercado e reduzir os receios que surgiram após a falta de um forward guidance desde março.
Além disso, a economista observou que a proximidade entre Galípolo e o governo pode ajudar a minimizar ruídos entre o Banco Central e o Executivo. Embora o temor de interferência política no BC ainda exista em alguns setores, Kawauti considerou que o principal desafio está na política fiscal, mais do que na política monetária, que tem se mantido alinhada ao compromisso com a meta de inflação. O cenário para o BC em 2025 parece ser de continuidade das políticas técnicas, com foco em controle da inflação e estabilidade econômica.