O Enem 2024 revelou resultados marcantes, com a média de notas dos estudantes apresentando leve crescimento, mas com uma queda significativa no número de redações que alcançaram a nota máxima. Apenas 12 alunos atingiram a pontuação 1.000 na redação, o menor número registrado nos últimos 15 anos. A maior parte desses estudantes é oriunda da rede particular de ensino, com exceção de um aluno de Minas Gerais, de uma escola pública. O desempenho geral da prova teve uma melhora em linguagens e redação, mas foi inferior em áreas como ciências humanas, ciências da natureza e matemática, conforme análise preliminar do Ministério da Educação (MEC).
Apesar do aumento na média geral das notas, que subiu para 546 pontos, o número de participantes do exame também cresceu, ultrapassando os 4 milhões de inscritos, o que pode ter influenciado a diminuição do número de redações com nota máxima. O MEC destacou que o aumento da participação reflete uma expansão no acesso ao exame, o que pode ser interpretado como um avanço positivo. No entanto, especialistas em educação alertam para a necessidade de investimentos maiores na qualificação do ensino básico, com ênfase na formação e valorização de professores, além de uma carga horária mais intensa nas escolas.
A situação reforça um debate sobre a qualidade da educação no Brasil, com especialistas sugerindo mudanças estruturais no sistema de ensino. Cláudia Costin, especialista em políticas educacionais, defende um modelo de ensino mais focado na formação prática e no desenvolvimento crítico dos alunos, apontando a necessidade de aulas mais longas e uma educação mais dinâmica e prática. Para ela, a transformação da carreira docente e o investimento em tempo integral são essenciais para que o país melhore seus índices educacionais e reduza as desigualdades no acesso à educação de qualidade.