A CCR, empresa responsável pela concessão das barcas, revelou recentemente um valioso acervo histórico que remonta a diversas fases do transporte marítimo no Rio de Janeiro. Entre os documentos resgatados estão registros que datam do período imperial, incluindo concessões assinadas por Dom Pedro II, e imagens que relatam a dura realidade da escravidão no estado. O material também revela momentos importantes, como a Revolta da Armada e a evolução das embarcações ao longo dos anos, que deixaram de ser movidas a vapor para adotar combustíveis mais modernos. Para entender melhor esses registros, a empresa contou com a colaboração de historiadores, que trouxeram à tona uma história mais ampla e rica do que se imaginava inicialmente.
O acervo inclui uma fotografia do final do século XIX, onde um menino negro aparece trabalhando descalço na construção de um estaleiro em Niterói, além de outros documentos que mostram a utilização de seres humanos como propriedades da Companhia Ferry, responsável pelas barcas. Imagens também documentam a transformação da baía de Guanabara, antes sem a ponte que conecta o Rio de Janeiro a Niterói, e o aumento da demanda de passageiros, que nos anos 1950 chegavam a quase 100 mil por dia. A qualidade do serviço e os aumentos de tarifas, que levaram a greves e protestos, também estão representados nesse material.
A exposição que reunirá parte desse acervo, que inclui cerca de 6 mil documentos e fotos catalogados, abrirá ao público em janeiro de 2025, antes do fim da concessão da CCR. A coleção será posteriormente entregue ao Museu Nacional para preservação. Esse esforço de resgate histórico busca não apenas preservar a memória das barcas, mas também destacar a importância do transporte público na formação da cidade do Rio de Janeiro e do estado como um todo, deixando um legado para as futuras gerações.