Na terça-feira (28), a polícia da República Democrática do Congo (RDC) usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes em Kinshasa, que atacaram várias embaixadas estrangeiras. Os protestos foram motivados pela acusação de que alguns países, como França, Estados Unidos, Ruanda e outros, estariam apoiando os rebeldes do M23, que recentemente tomaram a cidade de Goma, no leste do país. A embaixada da França foi incendiada brevemente, mas o fogo foi controlado. Manifestantes também atacaram embaixadas de outros países, como Bélgica, Holanda, Quênia e Uganda, causando tensões e confrontos com as forças de segurança.
A origem dos protestos está diretamente ligada ao conflito prolongado na região leste do Congo, onde a insurgência liderada pelos rebeldes do M23 tem ganhado força desde o início de 2025. Este grupo, composto majoritariamente por tutsis, acusa o governo congoleño de não integrar adequadamente os tutsis locais ao Exército e ao governo, e se opõe às milícias hutus. O conflito, que remonta às consequências do genocídio de 1994 em Ruanda, escalou recentemente com a ocupação de Goma, o que gerou uma crise humanitária e levou centenas de milhares de pessoas a fugirem.
O M23 tem se financiado com a exploração de recursos minerais, como o coltan, uma prática que tem gerado receitas substanciais para o grupo. As tensões aumentam, e a comunidade internacional teme que o conflito se amplie para uma guerra regional, semelhante às guerras anteriores na região central da África. As autoridades congolesas pediram a suspensão dos ataques às embaixadas e a resolução pacífica das manifestações, ao mesmo tempo que a ONU e potências globais continuam monitorando de perto a situação, dada a gravidade do cenário.