Nicolás Maduro iniciou seu terceiro mandato como presidente da Venezuela em janeiro de 2025, em meio a uma série de transformações econômicas que contrastam com o modelo socialista implementado por seu antecessor, Hugo Chávez. Durante os últimos anos, Maduro distanciou-se das políticas de enfrentamento com os empresários e adotou uma abordagem mais pragmática, buscando estabilizar a economia do país. A estatização de empresas e propriedades, uma das bases do socialismo do século 21, foi gradualmente revertida, com o governo devolvendo ativos a seus antigos proprietários e até mesmo sinalizando a possibilidade de privatizações. Essa mudança reflete um esforço para reverter os efeitos da crise econômica e da hiperinflação, que marcaram os anos anteriores.
O novo modelo econômico, descrito por alguns especialistas como “capitalismo autoritário”, permite o crescimento do capital privado, mas mantém o controle do Estado sobre áreas estratégicas da economia. Esse sistema, que preserva as elites governantes e enfraquece as liberdades sociais e políticas, busca perpetuar o poder político sob novas condições econômicas. A abertura para o setor privado foi, em parte, forçada pela queda da produção de petróleo e pela escassez de recursos, o que levou Maduro a negociar com empresários e buscar formas de estabilizar a economia. A dolarização e a simplificação de processos de importação ajudaram a reduzir a inflação e aliviar a escassez de bens essenciais, mas também provocaram uma disparidade crescente entre as classes sociais.
Embora a aproximação com empresários e a mudança de postura em relação ao mercado sinalizem uma adaptação econômica, as sanções internacionais e a concentração de poder nas mãos do governo indicam que o modelo ainda é altamente centralizado. O futuro da Venezuela depende, em grande parte, da capacidade do regime de Maduro de equilibrar os interesses de diferentes setores, como militares e empresários, sem comprometer o controle político. As dúvidas sobre a sustentabilidade deste modelo, especialmente caso a produção de petróleo se recupere ou as sanções sejam suspensas, permanecem, e muitos especialistas questionam se a liberalização econômica será mantida ou se o governo voltará a um controle mais rígido.