Pela primeira vez no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, seus indicados formam a maioria na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide a taxa básica de juros, a Selic. A reunião ocorre entre 28 e 29 de janeiro de 2025. Com a reforma do Banco Central sancionada em 2021, os membros do Copom têm mandatos intercalados de 4 anos. Em 2024, três antigos diretores do BC deixaram seus cargos, sendo substituídos por novos indicados por Lula, incluindo Gabriel Galípolo, agora presidente do BC, e outros diretores especializados em política monetária, regulação e supervisão de conduta.
Com essa mudança, o governo atual conseguiu, pela primeira vez, indicar mais diretores que o governo anterior, estabelecendo uma nova dinâmica no Copom. Apesar da crítica constante de aliados de Lula ao ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, as decisões sobre a política monetária mantiveram-se, na maior parte, técnicas, com o Comitê aprovando uma alta de 1 ponto percentual na Selic entre 2023 e 2024. As escolhas feitas pelos novos diretores indicados por Lula têm influenciado decisões mais rigorosas no Banco Central, com a sinalização de uma Selic mais alta, de 14,25% ao ano, em março de 2025.
O mercado financeiro espera que a Selic seja mantida em 13,25% ao ano, conforme estimativas para a inflação de 5,50% ao fim de 2025. O cenário de aumento da taxa de juros e a expectativa de inflação mais alta refletem as recentes escolhas do governo e os impactos da autonomia do Banco Central, que permite que o órgão atue com maior independência em suas decisões, sem interferência direta do Executivo. A partir de 2025, o governo de Lula terá maior influência nas políticas monetárias do que o governo anterior.