Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, desempenhou um papel histórico ao anunciar a vitória de seu adversário, Donald Trump, nas eleições de 2024 durante a votação do Colégio Eleitoral. Esse evento foi notável, pois é raro que um vice-presidente em exercício, que também recebeu a nomeação de seu partido, tenha que supervisionar a certificação de uma derrota eleitoral. Harris viveu uma das experiências mais desafiadoras na política americana, mas também desempenhou uma função crucial para garantir a transição pacífica de poder.
Ao longo da história, outros vice-presidentes enfrentaram situações semelhantes, embora em contextos bem diferentes. Em 1861, John Breckinridge, que perdeu a eleição de 1860, conduziu a contagem dos votos que elegeram Abraham Lincoln. No caso de 1960, Richard Nixon, então vice-presidente, teve que supervisionar a contagem de votos que levaram John F. Kennedy à presidência, após perder por uma margem apertada. De forma notável, oito anos depois, Nixon retornaria à cerimônia, mas desta vez como presidente eleito, após derrotar Hubert Humphrey.
Nos últimos tempos, o episódio mais recente ocorreu em 2000, quando Al Gore, embora vitorioso na votação popular, perdeu a eleição para George W. Bush após uma decisão controversa da Suprema Corte. Gore compareceu à cerimônia de certificação em 2001, assim como Mike Pence fez em 2021, quando também supervisionou a certificação da derrota em sua tentativa de reeleição à vice-presidência. Contudo, Pence se negou a atender à pressão de Trump para rejeitar votos eleitorais de estados-chave. O Congresso, em resposta a esses acontecimentos, esclareceu que o papel do vice-presidente no processo é estritamente cerimonial.