A Justiça Militar decidiu remeter ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre a autoria de uma carta assinada por 37 militares, supostamente pressionando o comando do Exército a apoiar um golpe de Estado em 2022. O documento, recebido pelo então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticava o Judiciário e mencionava instabilidade política e jurídica no país. A decisão foi tomada pela 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, que busca esclarecer o envolvimento dos envolvidos no caso.
A apuração do Exército revelou a participação de 26 militares de diferentes patentes na redação da carta, com papel central de quatro coronéis, sendo dois da ativa e dois da reserva. Os oficiais são acusados de crimes previstos no Código Penal Militar, incluindo a publicação não autorizada de críticas e incitação à desobediência. A Polícia Federal, por sua vez, atribuiu aos envolvidos crimes mais graves, como tentativa de golpe de Estado e participação em organização criminosa, enquanto decisões judiciais suspenderam temporariamente o indiciamento de um dos investigados.
O episódio reflete a tensão institucional vivida no Brasil no período pós-eleitoral e levanta questionamentos sobre o papel das Forças Armadas em contextos de instabilidade política. A remessa do inquérito ao STF indica o peso jurídico e político do caso, que pode estabelecer precedentes importantes no que diz respeito à relação entre militares e a manutenção da ordem democrática.