A Justiça Federal do Paraná determinou, no domingo, 5, o reforço na segurança das comunidades indígenas nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, após uma série de ataques violentos contra o povo avá-guarani, ocorridos entre 29 de dezembro e 3 de janeiro. Durante esses ataques, pelo menos seis indígenas foram feridos, incluindo uma criança de 7 anos. As vítimas foram atendidas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e não correm risco de morte. O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) enviou reforços da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Militar do Paraná para patrulhar a região e proteger a comunidade Yvy Okaju, em Guaíra, alvo principal dos confrontos.
O aumento da violência contra os avá-guarani ocorre em um contexto de disputas territoriais e tensões agrárias na região oeste do Paraná, onde os indígenas aguardam a conclusão da demarcação de suas terras. As comunidades, que enfrentam invasões de não indígenas desde a década de 1930 e os impactos da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, vêm lutando pela regularização de suas terras, como as Terras Indígenas Tekoha Guasu Guavirá e Ocoy-Jacutinga. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) condenou os ataques e destacou o papel das instituições federais, como a Funai, na mediação e na busca por uma solução definitiva para os conflitos fundiários.
Além das ações imediatas de segurança, o juiz federal Pedro Pimenta Bossi determinou o aumento do efetivo policial e a intensificação do patrulhamento nas áreas de maior risco. O caso segue sob investigação da Polícia Federal, que busca identificar os responsáveis pelos ataques. A atuação do governo do Paraná, que já havia solicitado medidas de segurança desde o ano passado, complementa as ações federais, com o reforço do policiamento especializado e apoio aéreo. O cenário de instabilidade territorial gerado por decisões judiciais recentes e pela legislação de marco temporal tem sido apontado como fator que contribui para a escalada de violência na região.