Na sexta-feira (24), um avião fretado pelo governo dos Estados Unidos trouxe 88 brasileiros deportados, entre eles homens, mulheres e crianças, ao Brasil. Durante o voo, a tripulação enfrentou resistência dos deportados devido ao calor insuportável, causado pela falha no ar-condicionado. A Polícia Federal (PF) foi acionada ao chegar ao aeroporto em Manaus, onde os repatriados estavam algemados e acorrentados. Apesar de o uso de algemas ser prática comum nas deportações, a PF e o Itamaraty questionaram a situação, considerando-a desrespeitosa, especialmente após o desembarque no Brasil.
O Itamaraty, por meio de uma reunião com o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, expressou sua insatisfação quanto ao tratamento dispensado aos brasileiros deportados, alegando que as condições acordadas entre os dois países para esse tipo de repatriação não foram cumpridas. A utilização de algemas e correntes durante o desembarque, em solo brasileiro, gerou críticas e a diplomacia brasileira solicitou esclarecimentos do governo dos Estados Unidos. A PF também relatou que 50 deportados precisaram de atendimento médico, e depoimentos indicam que alguns imigrantes foram agredidos pelos agentes durante a viagem.
O incidente gerou uma série de discussões, incluindo a manifestação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que ressaltou a importância de respeitar os direitos humanos dos deportados, principalmente os não-criminosos. Apesar de a deportação ser parte de um tratado vigente entre os dois países, o Itamaraty reafirma que todo processo de deportação deve ser conduzido de maneira digna. A PF iniciou uma investigação sobre o tratamento dispensado aos brasileiros, que deve durar cerca de 30 dias.