Uma investigação revelou condições de trabalho precárias e cláusulas abusivas nos contratos de trabalhadores chineses contratados para a construção de uma fábrica da BYD em Camaçari, Bahia. Os trabalhadores, que ganhavam mais do que o salário mínimo chinês, enfrentaram práticas como a retenção de passaportes e a exigência de um caução que só seria devolvido após seis meses de trabalho. Além disso, o contrato incluía cláusulas que impunham multas por comportamentos considerados inadequados, como discussões ou até andar sem camisa no local de trabalho.
Auditores fiscais do trabalho descobriram, em uma operação em dezembro, condições de moradia degradantes, com trabalhadores vivendo apertados em alojamentos insalubres, sem colchões ou espaço adequado. A BYD, que iniciou a operação de sua fábrica na região em 2023, negou ter conhecimento das irregularidades, mas a empresa foi responsabilizada pela fiscalização, uma vez que contratou uma empreiteira terceirizada para a construção. Além disso, alguns trabalhadores alegaram que não haviam assinado seus contratos ou só o fizeram após meses de trabalho no Brasil.
A investigação gerou discussões sobre o impacto de empresas estrangeiras e seus métodos de contratação no Brasil, com preocupações locais sobre a criação de empregos para trabalhadores brasileiros em vez de depender de mão de obra estrangeira. Autoridades estaduais ressaltaram a importância de garantir condições de trabalho justas, enquanto líderes sindicais alertaram que a situação poderia levar a protestos caso as questões não fossem resolvidas adequadamente.