O engenheiro agrônomo Célio Roberto Leite, de Cambé, no norte do Paraná, tem se destacado por sua inovação no campo ao combinar o cultivo de uvas e café em uma mesma propriedade. Em 2020, ele plantou uvas niágara e, no ano seguinte, introduziu o café arábica. O resultado da experimentação é um vinho com um aroma peculiar de café, algo que despertou a curiosidade do produtor. Embora o processo ainda esteja em estágio inicial, Leite acredita que a combinação das duas culturas pode ser uma alternativa interessante para pequenos produtores que buscam diversificar suas colheitas.
O projeto também conta com a presença de uma terceira cultura, o amendoim forrageiro, que contribui para a sustentabilidade do sistema agrícola. O amendoim ajuda a cobrir o solo, controlar a incidência de raios solares e promover a proliferação de micro-organismos, o que favorece a saúde do solo e das plantas. A experiência ainda não tem fins comerciais e é distribuída de maneira informal, entre amigos, clientes e colegas de profissão, mas Leite vê um grande potencial em mostrar essa técnica como uma opção viável para pequenos produtores que podem obter rendimentos tanto do café quanto da uva.
Pesquisadores, como Ademir Calegari, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, destacam que a diversidade nas lavouras está se tornando uma tendência crescente na agricultura. Calegari aponta que sistemas de produção como o de Leite podem ser sustentáveis e regenerativos, utilizando o manejo de plantas e ativos biológicos para combater pragas. Essa prática, segundo ele, poderia ser replicada em áreas menores, tornando-se uma alternativa viável e ecológica para a agricultura local.