A inflação oficial do Brasil fechou 2024 com uma alta de 4,83%, impulsionada principalmente pelos aumentos nos preços de alimentação, educação e saúde. O índice, que mede a variação dos preços ao consumidor, reflete uma média nacional, mas a percepção dos consumidores, especialmente os de menor renda, é mais negativa. Itens como carne, café e leite, com aumentos superiores à média, têm sido os principais responsáveis pela insatisfação nas compras diárias. Para as famílias de baixa renda, que gastam grande parte de sua renda em alimentos, a inflação sentida é de quase 8%, o que reforça a sensação de que os preços estão mais altos do que o indicador oficial sugere.
Além das diferenças regionais e de renda, outra questão que gera confusão é a diferença entre inflação e deflação. A inflação de 2024, embora menor do que em anos anteriores, não significa queda nos preços, mas apenas uma desaceleração do aumento. Os consumidores, ao perceberem preços ainda elevados, como no caso da carne, que teve um aumento de 20,8% no ano, tendem a esperar uma inflação ainda mais alta, o que se reflete na sua expectativa de inflação futura, mais pessimista do que as previsões do mercado financeiro.
Essa percepção de uma inflação mais alta do que a oficial é confirmada por pesquisas como a Sondagem do Consumidor, que mostra que os brasileiros tendem a esperar uma inflação maior no futuro do que a registrada pelo IPCA. Esse pessimismo é alimentado por fatores como a memória da alta inflação registrada durante a pandemia e pela proximidade com os preços do dia a dia. O desafio para os economistas é entender essas nuances, que não são capturadas completamente pelo índice, e como elas impactam a vida das famílias de diferentes faixas de renda.