Otávio Kaxixó, de 30 anos, se formou em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tornando-se o primeiro indígena do seu povo, os Kaxixó, a conquistar o diploma na área. Durante a cerimônia de formatura, ele usou um cocar e segurou um maracá, simbolizando sua cultura e a luta pela representatividade. Natural da aldeia Capão do Zezinho, no Centro-Oeste de Minas Gerais, Otávio compartilhou com o público as dificuldades que enfrentou ao longo dos seis anos de curso, especialmente em relação à gestão financeira necessária para se manter em Belo Horizonte.
A principal dificuldade de Otávio foi garantir os recursos para custear suas despesas com transporte, alimentação, livros e materiais de estudo. Foi com o auxílio financeiro do Programa de Transferência de Renda (PTR), gerido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que ele conseguiu vencer as barreiras financeiras e seguir com seus estudos. Durante o discurso, ele destacou como a educação superior foi fundamental para superar as limitações impostas pela desigualdade e pelos desafios vividos pelos povos indígenas.
Ao receber o diploma das mãos da deputada federal e líder indígena Célia Xakriabá, Otávio reafirmou seu compromisso com a luta por direitos iguais e a importância das cotas e políticas afirmativas. Ele enfatizou que a educação superior é um direito fundamental e uma ferramenta poderosa de reparação social e promoção da igualdade para as populações historicamente marginalizadas, como a sua. O evento foi um marco para a comunidade Kaxixó e para os povos indígenas em geral, simbolizando resistência e resiliência.