O reisado é uma manifestação cultural que celebra o nascimento de Cristo e a visita dos Reis Magos, preservada por gerações em diversas partes do Brasil, especialmente no Ceará. Em Juazeiro do Norte, a mestra Cícera Flatenara, filha de um mestre do reisado, continua o legado do pai, que, apesar de falecer tragicamente, deixou um exemplo de dedicação e amor à cultura. A jovem mestra compartilha com outros jovens a tradição, ensinando-os a dançar, cantar e tocar os instrumentos que compõem o reisado, como a zabumba e a viola. Ela acredita que, ao transmitir esse conhecimento, poderá garantir a continuidade dessa arte, especialmente entre as novas gerações.
Embora a cultura do reisado seja vivida por muitas pessoas, ela enfrenta desafios, como a crescente distração das novas gerações com as tecnologias digitais e a falta de apoio constante, como a insuficiência de projetos culturais nas escolas. Mestres como Antônio Candido e Francisco Valmir, conhecido como Mestre Nando, destacam a dificuldade de manter o reisado vivo em meio à modernidade. Nando enfatiza que a falta de interesse de jovens e adultos dificulta a perpetuação dessa manifestação cultural, que é essencial nas comunidades tradicionais durante o período natalino, com apresentações nas ruas e nas casas.
O reisado também sobrevive em outras regiões do Brasil, como no Rio Grande do Sul, onde grupos realizam apresentações com o “terno de reis”. Embora a forma de exibição seja diferente da praticada no Cariri, a essência da celebração se mantém. Gabriel Romano, um acordeonista de Esteio, trabalha para atrair jovens como sua filha para essa tradição, ressaltando a importância da música e das vivências culturais fora do ambiente digital. Assim, tanto no Ceará quanto no Sul do país, a preocupação é manter vivo o reisado, uma celebração que une fé, cultura e história, e que precisa da contribuição das novas gerações para continuar existindo.