O musical “Ginga Tropical”, que está em cartaz há 12 anos no Rio de Janeiro, foi apresentado em novembro de 2024 no Benim, uma nação africana com fortes laços históricos com o Brasil. A apresentação emocionou o público e gerou repercussão a ponto de levar o governo beninense a conceder a cidadania aos 14 dançarinos do espetáculo, como reconhecimento pela sua contribuição cultural. Este gesto simboliza a conexão entre os afrodescendentes e suas raízes africanas, especialmente considerando que o Benim concede nacionalidade a todos os afrodescendentes do planeta, devido à história de escravização vivida por muitos beninenses no Brasil entre os séculos 16 e 19.
A apresentação ocorreu durante o Vodun Festival, uma celebração das divindades do Vodu, religião originária do Benim e Togo. Rose Oliveira, diretora do “Ginga Tropical”, compartilhou a importância do espetáculo como uma forma de resgatar a identidade negra e combater estereótipos, principalmente no Brasil. Ela destacou que o reconhecimento pelo governo do Benim é significativo, não apenas para o elenco do espetáculo, mas também para a cultura carioca e brasileira como um todo. O festival, que acontece anualmente, homenageia as tradições espirituais e culturais do país.
Os dançarinos do “Ginga Tropical” expressaram sua gratidão e o significado pessoal de representar a cultura brasileira em um território ancestral, como o Benim. Para alguns, como Luana Bandeira e Paolla Nascimento, a viagem foi uma oportunidade de reconexão com a ancestralidade africana. A experiência, além de ser uma valiosa troca cultural, é também uma celebração das diversas culturas da África e da resistência da cultura brasileira, representada por um espetáculo que há mais de uma década resiste no palco e continua a inspirar novos públicos e gerações.