O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a suspensão de benefícios concedidos a pessoas que alegaram ter sido contaminadas pelo acidente com o césio-137, ocorrido em 1987 em Goiânia. A decisão impacta processos nos quais os autores são representados por advogados investigados por fraudes relacionadas ao caso. Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos ultrapasse R$ 20 milhões, com 567 ações judiciais possivelmente fraudulentas, sendo que 400 delas apresentaram indícios de laudos médicos falsificados. A investigação aponta que ex-policiais, bombeiros e outros envolvidos tentaram obter isenções tributárias indevidas ao se passar por vítimas da tragédia.
A operação “Fraude Radioativa”, conduzida pela Polícia Civil, tem como objetivo desmantelar o esquema de falsificação de documentos e laudos médicos. Em setembro de 2024, a operação resultou em prisões e apreensões em Goiânia, com a participação de advogados e outros profissionais do setor público e privado. Entre os investigados, estão advogados que, segundo as investigações, falsificaram exames e documentos para beneficiar os envolvidos, além de militares aposentados e até um promotor de justiça, que alegaram desconhecer a fraude. Eles tentaram se desvincular da responsabilidade, apontando as advogadas como as principais responsáveis pelas irregularidades.
O acidente com o césio-137 em 1987 é considerado o maior desastre radiológico da história, afetando diretamente centenas de pessoas e resultando em mortes. A contaminação aconteceu quando um aparelho de radioterapia, contendo o césio-137, foi encontrado por catadores e vendido a um ferro-velho. Apesar dos temores da população local, especialistas garantem que não há mais riscos relacionados à radiação, já que as áreas afetadas foram desocupadas e tratadas ao longo dos anos. No entanto, o impacto social e econômico do acidente ainda reverbera, sendo agora alvo de investigações sobre fraudes nos benefícios pagos às vítimas.