O litoral norte do Rio Grande do Sul tem surpreendido veranistas com a coloração esverdeada das águas, fenômeno que começou a ser notado desde o Natal. Diferentes fatores influenciam essa mudança, segundo Ignacio Benites Moreno, professor da UFRGS e especialista em biologia marinha. Ventos amenos vindos do continente, a ausência de chuvas e a corrente do Brasil, que traz águas mais quentes e com poucos nutrientes, contribuem para que o mar se mantenha mais calmo, com menor oxigenação e turvação, resultando em águas mais claras e com tonalidade esverdeada.
A mudança na cor da água contrasta com o tradicional “chocolatão”, o tom marrom comum nas praias do estado, que é causado pela alta quantidade de algas adaptadas às condições locais. Essas algas crescem graças aos nutrientes presentes nas águas, e sua adaptação inclui uma camada de açúcares que facilita sua flutuação para a superfície, permitindo a fotossíntese. Embora o mar esverdeado seja predominante, o retorno do fenômeno do chocolatão está previsto para ocorrer quando as condições climáticas mudarem, com a volta dos ventos nordestinos e das chuvas, que vão mexer com a água e causar maior agitação e turvação.
Além da mudança na coloração, o aumento da temperatura das águas também tem favorecido o aparecimento de águas-vivas, o que tem gerado preocupação entre os banhistas. O Corpo de Bombeiros do estado registrou um número considerável de ocorrências envolvendo esses animais, refletindo o aumento das temperaturas e a presença de novas espécies no litoral, como golfinhos. Ambos os fenômenos — águas mais claras e o aumento das águas-vivas — fazem parte de um ciclo natural do ambiente costeiro gaúcho, com variações previstas para o decorrer da temporada.