A BBC visitou diversas fábricas em Panyu, uma região de Guangzhou, onde muitas empresas produzem para a gigante de fast fashion Shein. Os trabalhadores relatam jornadas extenuantes, frequentemente de 75 horas semanais, com folgas limitadas, frequentemente de apenas um dia por mês. Em algumas fábricas, o trabalho se estende até a noite, com a produção de roupas que abastecem mercados em mais de 150 países. A maioria dos operários recebe pagamento por peça, o que resulta em rendimentos baixos, com uma camiseta simples podendo render menos de dois yuans (aproximadamente R$ 2). A reportagem revela uma série de violações das leis trabalhistas chinesas, que estipulam uma carga horária máxima de 44 horas semanais.
Apesar das condições de trabalho difíceis e das longas horas, a Shein não oferece um espaço amplo para diálogo direto com a mídia, mas defende, em nota, seu compromisso com a melhoria das condições de seus trabalhadores, destacando investimentos em governança e conformidade. A marca, que tem crescido exponencialmente nos últimos anos, é criticada por seu modelo de negócios, que exige rapidez e preços baixos, o que pressiona os fornecedores a manterem custos baixos, frequentemente em detrimento do bem-estar dos trabalhadores. Alguns funcionários expressam orgulho em trabalhar para a marca, mas não deixam de reconhecer as dificuldades, como as longas jornadas e os salários baixos.
A ascensão meteórica da Shein, que em apenas cinco anos se tornou um dos maiores nomes do varejo de moda, está sendo acompanhada com atenção crescente, especialmente por suas práticas de sourcing e as condições de trabalho em sua cadeia de produção. A empresa enfrenta pressões, não apenas relacionadas à ética do trabalho, mas também em relação à transparência de suas operações, especialmente após alegações de uso de trabalho forçado em algumas de suas fábricas. No entanto, a Shein continua sendo uma potência no setor, com um modelo de negócios baseado em grandes volumes e agilidade, que a torna um competidor difícil para outras marcas globais de fast fashion.