A expectativa de uma supersafra de soja para 2025, que pode contribuir para a redução dos preços agropecuários no atacado, não será suficiente para barrar a pressão sobre os preços de carnes e café. Economistas apontam que, devido ao ciclo atual da pecuária, aos efeitos climáticos e à depreciação do câmbio, a carne bovina deve continuar cara, impactando também os preços de carnes alternativas, como frango e porco. Além disso, o aumento das exportações brasileiras de carne também deve exercer pressão sobre os preços.
O impacto do aumento das carnes será sentido mais intensamente no mercado interno, com estimativas de alta de até 17% no preço do boi gordo, refletindo em uma alta média de mais de 35% em 2025. Mesmo com a expectativa de um aumento na produção de soja, os preços no atacado das carnes devem manter uma trajetória de alta, contrariando a previsão de desaceleração para o setor agropecuário em geral. O café também deve continuar com preços elevados, apesar de um possível alívio, com alta acumulada de 120% em 2024.
No Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), a alta dos preços das carnes e do café deve continuar a pressionar a inflação em 2025, refletindo diretamente no custo de alimentos no domicílio. Estima-se que as carnes registrem elevação de 16,4% no IPCA, após um aumento de 20,84% em 2024, com o custo da alimentação em casa se mantendo estável, com leve queda de 8,23% para 8,2%. O cenário é de um mercado apertado para proteínas, o que deve dificultar a desaceleração de preços no setor agropecuário.