Em agosto de 2023, durante sua primeira delação premiada, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid relatou que membros próximos ao então presidente buscaram instigar um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. Segundo Cid, o grupo radical acreditava que o ex-presidente poderia contar com o apoio popular e de grupos armados para implementar uma ação golpista. Embora Cid tenha citado figuras como a ex-primeira-dama e o deputado federal, estes não foram indiciados e o depoimento não trouxe evidências diretas contra eles. Outros nomes citados também negaram envolvimento ou disseram que suas conversas com o ex-presidente se limitavam a orações e apoio moral.
Cid também detalhou a existência de dois grupos dentro do círculo de apoio ao ex-presidente. O primeiro, menos radical, buscava evidências de fraude eleitoral, enquanto o segundo defendia a assinatura de um decreto para legitimar a ação golpista. Alguns membros desse segundo grupo, incluindo ex-ministros e ex-assessores, chegaram a ser indiciados pela Polícia Federal, sendo acusados de elaborar planos violentos e golpistas. A investigação avançou com a identificação de um plano para eliminar autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, e elaborar documentos legais com teor golpista.
Além dos grupos mais radicais, Cid mencionou outros núcleos que propuseram estratégias mais moderadas, como recomendar que os acampados em quartéis se retirassem e não fizessem mais manifestações. A investigação, que seguiu ao longo de 2023 e 2024, levou a novos indiciamentos, inclusive de figuras inicialmente consideradas moderadas, e indicou que a tentativa de golpe envolveu diferentes segmentos com interesses divergentes sobre como agir após as eleições. A busca por informações sobre esses envolvidos continua a ser um ponto de atenção na apuração do caso.