Um relatório recente da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) detalha o tráfico de fauna na Amazônia brasileira, alertando sobre o crescimento dessa prática criminosa, que retira anualmente cerca de 38 milhões de animais da natureza. O estudo também destaca que, embora apenas uma pequena parte desses animais chegue ao mercado consumidor, a maioria morre durante o transporte ou captura. Nos últimos anos, observou-se um aumento no tráfico de animais peçonhentos, como aranhas, escorpiões e serpentes, especialmente em grupos de mensagens e redes sociais, que têm sido usados para facilitar esse comércio ilegal.
A pesquisa também abordou as vulnerabilidades nas fronteiras do Brasil com o Suriname e a Guiana Francesa, que são usadas para a saída de animais silvestres, além de rotas que têm facilitado a entrada de espécies exóticas no país. A introdução dessas espécies invasoras pode gerar sérios desequilíbrios ambientais e riscos à saúde pública. O relatório também faz uma retrospectiva histórica, mencionando que, desde o século passado, a Amazônia tem sido um importante foco de tráfico de animais, com exemplos como o comércio de aves e peles de animais para o mercado externo, que prejudicaram enormemente a biodiversidade local.
O estudo aponta ainda que, além de espécies utilizadas como animais de estimação, os traficantes também visam espécies para consumo alimentar, práticas culturais e coleções particulares. Embora a legislação brasileira seja considerada adequada, sua aplicação ainda é um desafio, já que muitos crimes ambientais resultam em penas brandas. Para a Renctas, a solução passa pela conscientização e mudança cultural, promovendo alternativas como o ecoturismo e o “birdwatching” em vez da criação de aves em cativeiro. O enfrentamento do tráfico de animais depende da redução da demanda por essas espécies, além da melhoria na fiscalização e nas penas aplicadas.