Pesquisadores brasileiros documentaram pela primeira vez o comportamento de cortejo e acasalamento da raia-chita (Aetobatus narinari) em águas do país. O estudo foi realizado na Zona de Exclusão de Pesca do Parque Estadual da Ilha Anchieta, no litoral paulista, uma área protegida que contribui para a preservação dessa espécie vulnerável. Durante o cortejo, os machos perseguem as fêmeas e realizam comportamentos característicos, como morder as nadadeiras delas, até que o acasalamento ocorra, com os animais se posicionando ventre com ventre. A pesquisa também registrou um comportamento curioso, onde os pares rotacionam enquanto estão acoplados, descendo até o fundo marinho.
Em um dos casos acompanhados, três machos perseguiram uma fêmea que, apesar de estar apta à reprodução, rejeitou suas investidas. Esse comportamento de rejeição, quando a fêmea decide ou não permitir a aproximação dos machos, já é descrito em outros estudos. A diferença de tamanho entre fêmeas e machos pode ajudar as fêmeas a evitar o acasalamento forçado. Esse tipo de comportamento agressivo durante o cortejo destaca a complexidade das interações reprodutivas dessa espécie.
A raia-chita, que habita as águas do Atlântico, enfrenta desafios devido à sua longa gestação e baixo número de filhotes por ninhada. Além disso, a espécie está em perigo de extinção, sendo considerada vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O estudo destaca a importância de áreas protegidas, como a Ilha Anchieta, para garantir a conservação dessa espécie e do ecossistema marinho em que ela vive. A pesquisa também reforça a necessidade de maior apoio a iniciativas de conservação e políticas públicas para proteger a biodiversidade local.