O estudo realizado pela Fiocruz Minas e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Brumadinho, Minas Gerais, revela um aumento significativo na detecção de metais pesados, como arsênio, cádmio, mercúrio, chumbo e manganês, em crianças de até 6 anos. A pesquisa, que analisa as condições de vida e saúde da população após o desastre do rompimento da barragem da Mineradora Vale, encontrou níveis elevados desses metais nas amostras de urina analisadas entre 2021 e 2023, com destaque para o arsênio. O estudo também identificou uma persistente exposição a esses elementos nas áreas mais afetadas, embora com redução em algumas substâncias, como o manganês.
Além da análise de metais, o estudo abordou o impacto na saúde geral da população, com destaque para o aumento nas condições crônicas, como hipertensão, colesterol alto e problemas respiratórios, especialmente entre adultos e adolescentes. A pesquisa também evidenciou um aumento nos sintomas de saúde mental, como a depressão e a dificuldade para dormir, que permanecem elevados em comparação com a média nacional. O estudo recomenda ações de saúde mais eficazes e o fortalecimento de serviços médicos, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS), para lidar com o impacto contínuo do desastre.
Na área infantil, o estudo observou uma melhora no desenvolvimento neuromotor e no estado nutricional das crianças, o que pode estar relacionado ao retorno das atividades escolares após o isolamento pela pandemia de COVID-19. A pesquisa sugere um acompanhamento contínuo das crianças que apresentam alterações no desenvolvimento, bem como a colaboração entre as equipes de saúde e educação para promover um ambiente mais favorável ao crescimento e aprendizado. O estudo abrangeu uma amostra de aproximadamente 2.800 participantes e continua sendo fundamental para monitorar os efeitos de longo prazo do desastre na saúde da população de Brumadinho.