Um estudo realizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP) analisou a migração de morcegos para áreas urbanas em Rondônia, evidenciando que o avanço do desmatamento na Amazônia e as mudanças climáticas são fatores determinantes nesse fenômeno. Durante a pesquisa, 70% dos morcegos capturados foram encontrados em áreas urbanas, o que sugere que a transformação do habitat natural e a disponibilidade de alimentos, como insetos atraídos pela iluminação pública, incentivam essa migração.
O estudo também alerta para as possíveis consequências para a saúde pública. A proximidade entre os morcegos e os seres humanos pode aumentar o risco de transmissão de doenças, fenômeno conhecido como “spillover”. Esse fenômeno ocorre quando mudanças ambientais forçam animais silvestres a migrar para áreas urbanas, o que pode resultar na disseminação de doenças infecciosas para populações humanas.
A pesquisa foi realizada ao longo de 25 meses, com capturas frequentes em diversas áreas de Rondônia, incluindo zonas de floresta e áreas periurbanas. A metodologia envolveu o uso de redes de neblina e puçás, e os morcegos capturados passaram por procedimentos não invasivos antes de serem devolvidos ao seu habitat. Os pesquisadores agora planejam expandir o estudo para a região de transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado, em Rondônia e Mato Grosso.