O setor público brasileiro registrou em 2024 o maior déficit primário da história das estatais, alcançando R$ 8,073 bilhões, valor quatro vezes superior ao pior resultado anterior, registrado em 2014. Esse rombo é explicado por uma série de fatores apontados por especialistas, como gastos ineficientes, falta de diretrizes claras e a interferência política nas administrações das empresas estatais. A interferência política, em particular, é vista como um obstáculo significativo para a boa gestão, uma vez que muitas vezes resulta em escolhas de diretores que priorizam interesses políticos em detrimento da eficiência administrativa.
A gestão das estatais também enfrenta problemas estruturais, como o alto custo de pessoal e passivos trabalhistas. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos informou que, apesar do déficit, as empresas aumentaram seus investimentos em 12,5% em 2024, totalizando mais de R$ 5 bilhões. No entanto, especialistas questionam a eficácia desses investimentos, já que muitos não têm mostrado resultados concretos, gerando dúvidas sobre os reais objetivos por trás dessas decisões.
O cenário para 2025 se apresenta ainda mais desafiador, com a expectativa de aumento das taxas de juros e pressão inflacionária. Para reverter a situação fiscal, é fundamental adotar uma gestão mais eficiente e transparente das estatais. O economista Claudio Felisoni defende que a pressão social e a divulgação dessas informações são fundamentais para que mudanças estruturais sejam realizadas na administração pública.