O professor de direito constitucional Pedro Serrano destacou que os eventos de 8 de janeiro de 2023 no Brasil não podem ser vistos de forma isolada, mas como parte de um plano maior e bem estruturado. Segundo ele, essa tentativa de golpe envolveu uma organização criminosa com núcleos especializados em diversas esferas, como a sociedade civil, o Parlamento, o governo, as Forças Armadas e as forças de segurança. Serrano acredita que, caso tivesse sido bem-sucedido, o golpe teria gerado um nível de violência ainda mais intenso do que o ocorrido durante o golpe de 1964, que instaurou a ditadura militar no país.
O jurista também criticou a tentativa de afastamento do ministro Alexandre de Moraes da condução do inquérito sobre os atos antidemocráticos. Ele argumentou que permitir tal ação abriria precedentes perigosos, colocando juízes sob risco de manipulação por organizações criminosas. Serrano ressaltou que, segundo dados do CNJ, muitos magistrados recebem proteção policial devido a ameaças, mas nenhum foi afastado de julgamentos por esse motivo. Para ele, ceder a pressões dessa natureza comprometeria a independência do Judiciário e enfraqueceria a aplicação da lei.
Por fim, Serrano defendeu que o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe deve ser conduzido com justiça e rigor, mas sem motivações de vingança. Ele enfatizou que as condenações devem enviar uma mensagem clara contra a violência antidemocrática, servindo como um marco histórico que reafirme o compromisso da sociedade com a Constituição e os direitos fundamentais. A aplicação de penas exemplares seria, segundo o jurista, um passo crucial para preservar a democracia e evitar novos ataques ao Estado de Direito.