No dia 11 de janeiro, completaram-se dois anos desde o escândalo contábil das Americanas, que revelou inconsistências de R$ 20 bilhões em seus balanços. A fraude, uma das maiores da história do Brasil, gerou uma queda drástica no valor das ações da empresa, que perdeu 99,5% de seu valor desde o início de 2023. Apesar de várias investigações por órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Ministério Público, os responsáveis ainda não foram punidos, e os investidores minoritários seguem sem respostas claras. A recuperação judicial da empresa, iniciada em janeiro de 2023, resultou em uma reestruturação do capital social, prejudicando ainda mais os acionistas minoritários.
O caso tem levantado questões sobre a governança corporativa e a proteção dos direitos dos investidores no Brasil. Embora a Americanas tenha continuado a afirmar que foi vítima da situação, muitos acionistas acreditam que os controladores da empresa não foram suficientemente responsabilizados, com a diluição das ações aumentando o seu poder sobre a companhia. A arbitragem, com um valor total estimado de R$ 32 bilhões, é a principal via para que os minoritários busquem compensações, mas o processo é demorado e oneroso. O Instituto Empresa, que representa os minoritários, espera que as arbitragens tragam algum tipo de punição para os responsáveis pela fraude.
Especialistas apontam que a falta de punição efetiva e a ausência de reformas na legislação brasileira podem prejudicar a confiança no mercado de capitais. A falta de transparência nas investigações e a complexidade dos processos de arbitragem são citadas como barreiras para que os minoritários busquem reparação. Além disso, há um crescente clamor para a criação de mecanismos mais eficazes de governança, como a implementação de ações coletivas, que possam acelerar a indenização dos prejudicados e melhorar o ambiente regulatório do país.