Mato Grosso enfrenta uma realidade desafiadora em relação ao desempenho de seus alunos na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Há seis anos, nenhum estudante do estado conseguiu atingir a nota máxima de mil pontos na redação, um reflexo de uma tendência mais ampla. Na rede pública, esse cenário se agrava, com a última nota 1000 datando de 2012. Esse declínio é visto como resultado de diversos fatores, entre eles, a falta de leitura regular, o impacto das redes sociais e o crescente uso da inteligência artificial, que tem afetado a habilidade de escrita e análise crítica dos estudantes.
Especialistas em educação apontam que o desestímulo à leitura e a escassez de incentivos por parte das instituições de ensino contribuem para essa realidade. A professora de redação Suzana Luz ressalta a importância de um ensino mais rigoroso, com a necessidade de reprovar alunos que não atingem as exigências mínimas, além de estimular o estudo constante fora da sala de aula. A qualidade do ensino em Mato Grosso também é um ponto crítico, já que o estado não consegue atingir as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) desde 2013, e os alunos enfrentam desafios em diversas áreas do conhecimento.
Além disso, a falta de leitura é uma preocupação crescente. Em 2024, Mato Grosso registrou o segundo pior índice de leitura no Brasil, com apenas 36% da população afirmando ter o hábito de ler. Esse quadro reflete a dificuldade enfrentada pelos estudantes ao lidar com temas exigentes nas provas, que demandam não apenas conhecimento, mas também uma visão crítica e bem fundamentada. A busca por uma nota máxima, embora desejada, não deve ser o único foco, já que uma boa performance nas provas objetivas também é crucial para o sucesso acadêmico.