A empresa Tools for Humanity (TfH) tem gerado controvérsias devido ao uso de tecnologia de escaneamento de íris para criar um registro de identificação digital chamado “World ID”. A proposta visa garantir a autenticidade das pessoas em um cenário digital onde a diferenciação entre humanos e máquinas é cada vez mais difícil. No entanto, o governo brasileiro, por meio da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), levantou preocupações sobre o tratamento de dados pessoais sensíveis, especialmente em relação à falta de compensação financeira adequada para os usuários e à impossibilidade de exclusão dos dados biométricos coletados.
Em resposta às preocupações, a TfH afirma que busca cumprir integralmente com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e já está trabalhando junto à ANPD para garantir a conformidade com as exigências brasileiras. A empresa destaca que, ao contrário de outras plataformas, não exige dados pessoais para o cadastro, sendo possível pular etapas como o fornecimento de nome e telefone. Damien Kieran, vice-presidente de proteção de dados da TfH, enfatizou que a plataforma oferece transparência e consentimento claro dos usuários, comparando o modelo de recompensas a sistemas de cashback.
A ANPD, no entanto, considera grave o tratamento dos dados pessoais pela TfH, destacando a vulnerabilidade dos indivíduos envolvidos e a falta de garantias sobre a revogação do consentimento para o uso dos dados biométricos. Além disso, a autoridade questiona as compensações financeiras oferecidas pela empresa e a reversibilidade das ações dos usuários. Apesar disso, a TfH continua buscando mais tempo para ajustar sua operação e fornecer mais informações à ANPD, conforme solicitado.