A pesquisa recente aponta que o risco de incêndios na Amazônia é maior em regiões onde o armazenamento de água subterrânea está comprometido, especialmente quando o El Niño agrava a seca. Utilizando imagens de satélite e dados de queimadas, os pesquisadores identificaram a relação entre o fenômeno climático e a probabilidade de fogo, criando uma ferramenta que poderá auxiliar em ações preventivas. O estudo revela que, entre 2004 e 2016, houve uma diminuição da umidade nos solos, nas zonas de raízes das árvores e nos reservatórios de água subterrânea, com a maior severidade de aridez observada nas águas subterrâneas. O El Niño, que causa secas extremas, afeta de maneira mais intensa essas áreas e dificulta sua recuperação após eventos consecutivos de seca.
Além disso, a pesquisa destaca a influência das atividades humanas, como desmatamento e agricultura, que têm contribuído para a escalada das queimadas na região amazônica. O aumento das áreas queimadas coincide com eventos extremos do El Niño, como os de 2015/2016 e 2023/2024, os quais são classificados entre os mais intensos já registrados. Em 2024, o número de focos de incêndio na Amazônia alcançou o maior valor desde 2010, com 132.211 registros. Esse cenário alerta para a crescente vulnerabilidade do bioma amazônico frente às condições climáticas extremas, exacerbadas pelo fenômeno.
Com base nos resultados do estudo, os pesquisadores estão desenvolvendo um índice de risco de incêndios adaptado à Amazônia, que considera tanto indicadores meteorológicos quanto hidrológicos. Esse modelo poderá ser utilizado em outras regiões e contribuirá para estratégias de prevenção e mitigação dos incêndios florestais. A expectativa é que, no futuro, o sistema de alerta seja aprimorado com dados coletados em campo, permitindo antecipar os riscos associados à baixa umidade das águas subterrâneas e proteger a floresta de eventos climáticos extremos.