O economista Marcos Mendes, pesquisador do Insper, destacou que o desequilíbrio fiscal no Brasil tem raízes na estrutura do sistema político-eleitoral e no federalismo. Ele aponta que o sistema eleitoral brasileiro incentiva comportamentos individualistas entre os parlamentares, que buscam atender aos interesses locais em detrimento de uma visão mais ampla do bem comum, o que afeta as finanças públicas. Mendes enfatiza que os deputados competem não apenas com adversários, mas também com colegas do próprio partido, o que os torna vulneráveis a pressões de grupos de interesse.
O economista ainda explica que o federalismo brasileiro agrava esse cenário, pois estimula os parlamentares a buscarem recursos para suas próprias regiões como forma de garantir apoio político. Isso resulta em um aumento das emendas parlamentares e na constante renegociação de dívidas estaduais, o que contribui para a deterioração das finanças públicas. Mendes argumenta que essa dinâmica cria um ambiente propício à pressão por benefícios específicos, cujos custos são distribuídos para toda a sociedade, gerando um círculo vicioso de desequilíbrio fiscal.
Mendes conclui que essa questão está profundamente enraizada na história política do país, tornando-se cada vez mais difícil de solucionar. Para o economista, a chave para resolver esses problemas seria a implementação de reformas profundas no sistema político-eleitoral e no modelo de federalismo, visando uma maior organização institucional e fiscal. O economista acredita que, sem essas mudanças estruturais, o Brasil continuará enfrentando desafios fiscais graves.